Será a primeira sob o comando do novo presidente do Banco Central (BC), o economista Roberto Campos Neto.
Com o resultado fraco do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, analistas de mercado começam a apostar na redução da taxa básica de juros, a Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 19 e 20 de março. Será a primeira sob o comando do novo presidente do Banco Central (BC), o economista Roberto Campos Neto.
A cerimônia de transmissão de cargo, porém, será em 13 de março, uma semana antes da reunião. O atual presidente, Ilan Goldfajn, assumiu o posto em meados de 2016, quando os juros estavam em 14,25% ao ano, e entrega o comando da autoridade monetária com a Selic na mínima histórica de 6,5%, e com a inflação sob controle.
A perspectiva do mercado é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) conclua, em 2019 uma sequência de três anos consecutivos abaixo do centro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo analistas, isso reflete a atividade econômica fraca e o desemprego elevado, que limita o consumo das famílias.
O economista Guilherme Ribeiro de Macêdo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), disse que o baixo desempenho do PIB no ano passado não traz impacto inflacionário, permitindo maior queda de juros. “Dá para reduzir mais a Selic sem gerar inflação, porque os indicadores estão confortáveis e a atividade ainda está fraca”, resumiu. “O gradualismo é sempre melhor; então, o BC pode reduzir em 0,25 ponto percentual na próxima reunião. Mais do que isso já é demais”, completou.
O economista-chefe da Quantitas Asset, Ivo Chermont, não vê dessa forma. “O BC não funciona pelo nível de atividade do ano anterior. O PIB veio apenas um pouco menor, e não haveria motivo para cortar os juros. Antes da reforma da Previdência, acho difícil haver redução das taxas. A aprovação (da reforma) deve ocorrer em meados de setembro. Aí, sim, esperamos queda da Selic, que terminaria o ano em 5,5%”, disse.
Para Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, o Brasil não está crescendo da forma desejável, mas só a queda de juros não vai adiantar. “Nós temos que discutir outros fatores. Achar que baixar os juros irá, automaticamente, destravar o crescimento é um perigo. Se fosse isso, com os juros em 6,5%, cresceríamos mais que 1,1%”, analisou.
O deficit nas contas públicas, segundo Leal, é um dos principais obstáculos ao crescimento. As despesas previdenciárias consomem mais de 50% do orçamento federal e estão crescendo, devido ao envelhecimento da população. “A reforma da Previdência é o diferencial para o Brasil tornar-se um país normal e sustentável. Isso vai reforçar a confiança do empresário e do consumidor. Sem a reforma, voltaremos a ser o Brasil do passado”, destacou.
“A expectativa é de que, neste ano, o PIB talvez não avance muito além de 2%. A reforma potencializará esse crescimento, mas gerará efeitos mais positivos em 2020”, disse o economista Flávio Serrano, do Banco Haitong. “A grande vantagem do BC é poder se dar ao luxo de aguardar um desdobramento dos eventos para decidir.” (Colaborou Hamilton Ferrari).
Fonte: Correio Braziliense